segunda-feira, 26 de novembro de 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Praxis diária de um músico - Introdução

A praxis criadora é aquela cuja criação não se adapta plenamente a uma lei previamente traçada e culmina num produto novo e único. Assim, a prática pedagógica criadora só se dará na perspectiva de um diálogo constante entre os sujeitos educacionais, que vão identificando os problemas e encontrando soluções numa acção permanente da consciência que vai redefinindo o caminho; num processo colectivo em que as acções entre os sujeitos da educação, guiadas pela consciência, vão possibilitar uma interacção entre o ideal e o real, entre a finalidade encontrada e as resistências do contexto, para ir reconfigurando a realidade e redefinindo os objectivos em busca da finalidade.
A praxis humana pressupõe uma intencionalidade que é encontrada na concepção de música como forma simbólica ou discurso “[...] o ato de dar forma à música é uma tentativa intencional de articular significado” (SWANWICK, 1993, p.29).

A prática instrumental faz parte da rotina diária daqueles que desejam adquirir ou manter suas capacidades musicais. No entanto, não basta debruçar-se por tempo indeterminado numa actividade específica, pois, a quantidade de horas acumuladas não garante por si só um óptimo desempenho. Uma performance instrumental bem sucedida depende também da forma como se conduz as sessões de prática, pois a qualidade deste momento pode interferir directamente no desempenho do instrumentista (Pearce, 2004).
Mais do que despender horas em exercícios repetitivos, a prática diária requer disciplina, motivação, estabelecimento de padrões pessoais visando compromisso com as metas pretendidas, o que demanda desenvolvimento de competências cognitivas. Portanto, uma sessão de prática consistente envolve planeamento, estabelecimento de metas e estratégias adequadas que possibilitem ao músico a oportunidade de alcançar os seus objectivos, assim como, capacidade para diagnosticar falhas e corrigi-las (Woody, 2004).
Nesta perspectiva, o instrumentista deve ter como objectivo equipar-se com ferramentas intelectuais, auto crenças e capacidades reguladoras ou capacidade para organizar e promover a própria aprendizagem. Professores que promovem estas capacidades autorreguladoras entre os seus alunos de instrumento estão a contribuir não só para que eles percebam que o seu comportamento influencia o seu desempenho, mas também para que cada um deles “repense e resgate o seu compromisso pela sua própria aprendizagem” (Costa; Boruchovitch, 2006, p. 102).

Introdução de uma conferência sobre a Praxis diária de um Músico realizada na ESART Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Ilídio Massacote